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Jericos são criados somente para a corrida

A cada ano, pilotos investem mais para ter competitividade; quem ganha é o público; investimento pode passar dos R$ 20 mil
Serranópolis do Iguaçu já respira o arrancadão de jericos. Lama, velocidade e adrenalina devem ser os ingredientes para uma das maiores festas de toda a região. A agitação, porém, começa muito antes do início das provas, quando as máquinas ainda estão nos ‘boxes’. As mecânicas da cidade e de municípios vizinhos estão cheias e dão agora os últimos retoques aos protagonistas do evento.
Como é o caso do jerico novinho em folha do empresário Mário Viar, que desde ano passado investe para ter um veículo que vai entrar para ficar entre os melhores. “É a primeira vez que estou competindo na categoria dois pistões. Estou fazendo um jerico pra ficar entre os primeiros”, comenta Mário.
No Arrancadão de Jericos, que acontece de 1º a 3 de maio no Jericódromo do município lembrando o Dia do Trabalhador (1º), serão disputadas provas nas categorias de um e dois pistões. O que diferencia, basicamente, é a força do carro. “É aquela história. O que vale é a diversão, mas todo mundo quer ganhar”, comenta.
O jerico de Mário tem dois cilindros e pode chegar fácil, segundo ele, a 80 quilômetros por hora na estrada. “Mas não é isso que precisamos na pista. No arrancadão, precisamos força para passar as poças d’água e tracionar na pista embarrada”, frisa. “Esse meu está sendo feito para chegar a 45 quilômetros (por hora). Quero ver se ele aguenta”, brinca o empresário, que não usa o jerico no dia-a-dia do campo, como a maioria dos 50 pilotos esperados para o evento, segundo o coordenador do evento, Marcelo Sehn.
Preparados
Mario está a 30 dias trabalhando intensivamente ‘em cima’ do jerico. Ele explica que muitos estão sendo preparados para a corrida. “Apesar do motor ser bastante limitado, a maioria dos que vão competir mexe um pouco para ganhar potência”, diz. “Não é só juntar um monte de peças e está pronto o jerico. Se você quiser ter chance de ficar em uma boa colocação, tem que prepará-lo”, aponta. Plataforma de pick-up, suspensão, diferencial, direção, câmbio, entre outras peças. Tudo novinho para ter um carro de qualidade e manter seu lugar ao sol durante os três dias de festa.
Investimento
Um jerico de cinco marchas, a diesel, com 36 cavalos de potência e baixa nota no quesito conforto pode custar quase o valor de um carro popular zero quilômetro. Mário já investiu R$ 20 mil na construção do jerico dele, que estreou na pista no sábado passado, durante uma ‘bateria de testes’. “Isso sem contar a mão-de-obra, que no mínimo seria de R$ 3 mil”, comenta. Tudo com apoio de empresários da cidade, que durante os três dias do arrancadão terão suas marcas estampadas nas estrelas da festa. A maioria dos jericos volta para o campo para carregar pasto, insumos, ferramentas e outras coisas após o arrancadão, mas não é o caso do carro de Mário. Depois da corrida, vou guardá-lo para o próximo evento”, frisa. Ele espera que os R$ 20 mil investidos comecem a dar retorno a partir do arrancadão de 2010. Isso demonstra que a maior festa de Serranópolis do Iguaçu movimenta o município não somente durante os três dias, mas em boa parte do ano, e já se mostra uma fonte de negócios. Nesta quinta edição, serão distribuídos cerca de R$ 40 mil em prêmios. A festa se completa com motocross, praça de alimentação, exposições, café colonial e baile.

Fonte: Giuliano de Luca, Portal Medianeira..